Enquanto as mãos trabalham, a mente e a alma descansam

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Texto por Rodrigo Pioto

O movimento “Faça você mesmo”, ou também conhecido em Inglês como “DIY – Do It Yourself”, teve origem no pós-guerra dos anos 50 e tem conquistado cada vez mais espaço nos dias de hoje.

Impulsionado por uma certa escassez de mão obra especializada, o número de adeptos ao movimento aumenta a cada dia, mas esse não é o único motivo para que as pessoas se dediquem a essas atividades.

Ao longo dos últimos 5 anos interagindo com os praticantes do “faça vocês mesmo” do ramo de marcenaria, pude perceber que a maior razão é a paixão pela arte com madeira.

Alguns são influenciados por alguém da família como pai, avô ou bisavô, mas a grande maioria não sabe explicar de onde vem a magia que existe por trás da madeira. Quando começam a fabricar algumas peças mesmo que simples, por necessidade ou por desejo, não param mais.

O início pode ser um grande desafio para quem tem vontade, mas ao mesmo tempo a falta de conhecimento e experiência no assunto pode ser frustrante. Entrar numa loja de ferramentas e ver aquele mundo infinito de máquinas, ferramentas e acessórios brilham aos olhos, mas a dúvida ainda continua, por onde começar?

A grande maioria acredita que ter as melhores máquinas, as mais caras e cheias de funções sofisticadas pode suprir a falta de experiência ou até mesmo a habilidade pouco desenvolvida de quem está começando. É fato que as máquinas facilitam muito o trabalho, agilizam o processo de construção de uma peça, mas não é certo dizer que elas fazem tudo. Num passado não muito distante quando os móveis eram feitos pelos mestres marceneiros, não haviam tantas máquinas elétricas como nos dias atuais, e mesmo assim as peças eram muito bem construídas e duráveis.

Uma recomendação pra quem vai começar é não sair comprando tudo aquilo que parece interessante. Comprar uma máquina pela empolgação pode ser mais frustrante do que não ter a máquina.

A dica pra quem vai dar os primeiros passos é iniciar com as ferramentas manuais. Pode parecer estranho que ao em meio de a tanta tecnologia, como máquinas computadorizadas como as routers CNC e corte laser, alguém recomende o uso do martelo e serrote. Mas existe um pequeno segredo nisso tudo, trabalhar com ferramentas manuais permite um contato mais próximo com a madeira. Ao usar uma serra manual por exemplo, conseguimos sentir quão diferente são as madeiras, se são duras ou macias, se são fibrosas ou mais densas. Os trabalhos manuais são mais lentos, mas isso não é algo negativo, há tempo para trabalhar os detalhes e atingir uma a perfeição que algumas máquinas não conseguem.

A ferramentas manuais possuem uma outra grande vantagem que é o baixo nível de ruído. Muitos desistem de ter as suas oficinas em casa, pois não podem incomodar a família e vizinhos, mas há pessoas que mantêm pequenos ateliers até mesmo em apartamentos.

Passando para o lado prático da marcenaria, a minha dica para quem deseja investir um pouco mais em maquinário e ferramental é planejar a aquisição em três principais grupos: corte, furo e desbaste. Esses três princípios cobrem boa parte dos trabalhos dentro da oficina.

Corte: são as serras propriamente ditas. Há máquinas para cortes retos e precisos como as serras circulares com lâminas rígidas, e a humilde e simples ticó-tico para cortes curvos por exemplo.

Furo: englobam o universo de ferramentas e acessórios para furações. Brocas de 3 pontas para madeira, brocas de aço rápido para metal, brocas chatas para diâmetros médio e serras copos para grandes furos, etc.

Desbaste: para remoção de material, tanto para ajustes ou acabamentos. As mais conhecidas são as plainas e as lixadeiras.

Há mais dois grupos importantes para completar um trabalho de construção na marcenaria. A junção de peças que pode ser feita com colas, parafusos, cavilhas e pregos, e a parte de acabamentos, sendo os mais comuns a aplicação de verniz e pintura.

Comentando rapidamente sobre os materiais, a marcenaria moderna tem empregado muito o MDF e o MDP na movelaria, mas a tradicional madeira e o clássico compensado nunca saem de moda. Existe uma frente de eco-design que está em alta com o reaproveitamento de madeiras como paletes e madeiras de demolição.

Apesar da arte da marcenaria ser milenar, ela sempre nos possibilita criar coisas novas. O maior prazer do adeptos ao “faça você mesmo”, é ter o orgulho de ter construído uma peça com as próprias mãos.

“Enquanto as mão trabalham, a mente e a alma descansam”

Rodrigo Pioto é o fundador do Canal Marcenaria Amadora no Youtube e compartilha o passo a passo de construção de peças em madeira.

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